EE PROFº DIÓGENES RIBEIRO DE LIMA
9º ano "A"
Profª Jucilene
Língua Portuguesa
ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO
3º BIMESTRE
DE 05 A 09 DE OUTUBRO DE 2020
Medidas, no espaço e no tempo, de Stanislaw Ponte Preta
Sérgio Porto
A medida, no espaço e no
tempo, varia de acordo com as circunstâncias. E nisso vai o temperamento de
cada um, o ofício, o ambiente em que vive.
Nossa falecida avó media
na base do novelo. Pobre que era, aceitava encomendas de crochê e disso tirava
o seu sustento. Muitas vezes ouvimo-la dizer: – Hoje estou um pouco cansada. Só
vou trabalhar três novelos.
Nós todos sabíamos que
ela levava uma média de duas horas para tecer cada um dos rolos de lã. Por
isso, ninguém estranhava quando dizia que queria jantar dali a meio novelo. Era
só fazer a conversão em horas e botar a comida na mesa sessenta minutos depois.
Os índios, por sua vez,
marcavam o tempo pela lua. Isso é ponto pacífico, embora, há alguns anos, por
distração, eu assistisse a um desses terríveis filmes de carnaval do Oscarito,
em que apareciam diversos índios, alguns dos quais, com relógio de pulso.
Sim, os índios medem o
tempo pelas luas, os ricos medem o valor dos semelhantes pelo dinheiro, vovó
media as horas pelos seus novelos e todos nós, em maior ou menor escala,
medimos distâncias e dias com aquilo que melhor nos convier.
Agora mesmo houve
qualquer coisa com a Light [companhia de luz] e a luz faltou. Para a maioria, a
escuridão durou duas horas; para Raul, não. Ele, que se prepara para um exame,
tem que aproveitar todas as horas de folga para estudar. E acaba de vir lá de
dentro, com os olhos vermelhos do esforço, a reclamar:
– Puxa! Estudei uma vela
inteira.
Comigo mesmo aconteceu
de recorrer a tais medidas, que quase sempre medem melhor ou, pelos menos, dão
uma idéia mais aproximada daquilo que queremos dizer. Foi noutro dia quando
certa senhora, outrora tão linda e hoje tão gorda, me deu um prolongado olhar
de convite ao pecado. Fingi não perceber, mas pensei:
“Há uns quinze quilos
atrás, eu teria me perdido”.
(In Flora Bender e Ilka
Laurito, Crônica: história, teoria e prática. São Paulo: Scipione, 1993, p.
96-97)
1. Assinale a alternativa que contém a tese da crônica.
(A) “Para a maioria, a escuridão durou
duas horas; para Raul, não”.
(B) “Era só fazer a conversão em horas e
botar a comida na mesa sessenta minutos depois”.
(C) “Agora mesmo houve qualquer coisa com
a Light [companhia de luz] e a luz faltou”.
(D) “todos nós, em maior ou menor escala,
medimos distâncias e dias com aquilo que melhor nos convier”.
2. Indique o argumento que justifica a tese apresentada na
crônica.
(A) A avó do cronista
era pobre e sabia fazer crochê muito bem.
(B) Índios só usam
relógio em filmes de Oscarito.
(C) Dependendo de nosso
interesse, podemos marcar o tempo não só com o relógio.
(D) Quando há problemas
na Light, a luz falta.
3. A frase “Pobre
que era” que se relaciona com “aceitava
encomendas de crochê”, indica
(A) tempo.
(B) causa.
(C) modo.
(D) conseqüência.
4. Assinale a
alternativa em que o humor aparece mais acentuado.
(A) ”Nossa falecida avó media na base do
novelo”.
(B) “terríveis filmes de carnaval do
Oscarito, em que apareciam diversos índios, alguns dos quais, com relógio de
pulso”.
(C) “Agora mesmo houve qualquer coisa com
a Light [companhia de luz] e a luz faltou”.
(D) "Os índios medem o tempo pelas
luas".
5. Leia o trecho. Os
índios, por sua vez, marcavam o tempo pela lua. Isso é ponto pacífico,
embora, há alguns anos, por distração, eu assistisse a um desses terríveis
filmes de carnaval do Oscarito, em que apareciam diversos índios, alguns dos
quais, com relógio de pulso.
Indique a palavra ou
expressão que possui o mesmo sentido de “ponto pacífico”, no texto.
(A) indiscutível.
(B) o que me consta.
(C) em situação de paz.
(D) questionável.
6. Releia no texto as frases a seguir.
1. “– Hoje estou um pouco cansada. Só
vou trabalhar três novelos.”
2. “– Puxa! Estudei uma vela inteira.”
3. “Há uns quinze quilos atrás, eu
teria me perdido".
Observe os sinais
gráficos, travessões e aspas, e assinale a afirmação correta.
(A) O autor se utilizou
de travessões e aspas simplesmente como recurso estilístico.
(B) Os travessões (nos
dois primeiros exemplos) são usados devido a medidas diferentes.
(C) Nos dois primeiros
casos, há travessões para indicar a fala das personagens dentro da narrativa.
(D) O uso das aspas e do
futuro do pretérito, “teria”, no último exemplo, deve-se à necessidade do autor
em enfatizar o tema da crônica.
Para responder às
questões de números 7 a 11, leia o texto abaixo.
No dia 1o , o fiscal me
impediu de expor na feira do Trianon. Me inscrevi em 2004, fiz teste de
aptidão, paguei taxas de uso de solo e de licença, e comecei a trabalhar na
semana seguinte. O juiz que cassou a liminar provavelmente nem leu o processo.
Nossa advogada anexou documentos provando a legalidade dos expositores . que
estão com problemas porque funcionários da Prefeitura perderam os documentos de
quem fez teste em 2004. Nós, artesãos, criamos objetos de arte considerados
cultura no mundo todo . menos no Brasil. E, aos 63 anos, não tenho perspectiva
de conseguir outro trabalho.
José Eduardo Pires
Vila Maria Alta
A Prefeitura responde:
Com referência à feira
do Trianon, jamais houve perda de documentos. No início de 2006, a Sub
Pinheiros entregou as pastas de documentação para a Sub Sé. Na análise técnica
do material, viu-se que havia expositores trabalhando irregularmente, sem que
as aprovações fossem publicadas no Diário Oficial da Cidade de São Paulo,
obrigatórias para que a comunidade saiba quem foram os aprovados e as
atividades para as quais estão autorizados. Andrea Matarazzo Secretário das
Subprefeituras e Subprefeito da Sé
(São Paulo Reclama. O Estado de S.Paulo,
12 de agosto de 2007, p. C2)
7. A carta do leitor identificado acima tem a finalidade de
(A) defender a venda de
produtos de artesanato, como símbolos de cultura.
(B) queixar-se do fato
de ter sido impedido de trabalhar numa feira de artesanato.
(C) dirigir-se ao juiz
que desconsiderou as razões apresentadas por uma advogada.
(D) solicitar a interferência
de uma advogada para defender seus direitos.
8. A Prefeitura defende a tese de que
(A) os funcionários
devem ser responsabilizados por terem desviado documentos, prejudicando os
artesãos queixosos.
(B) os fiscais se
precipitaram ao impedir o funcionamento da feira de artesanato antes de
encontrarem os documentos perdidos.
(C) os artesãos
queixosos aparentemente têm razão suficiente para reclamações, mas os
responsáveis já estão tomando as medidas cabíveis.
(D) os requisitos legais
exigidos para expor e vender trabalhos na feira de artesanato devem ser
cumpridos por todos os envolvidos nessa situação.
9. É correto afirmar que o reclamante é
(A) um idoso, sem outra
alternativa qualquer de trabalho.
(B) uma autoridade
responsável pelo cumprimento das leis.
(C) um funcionário,
acusado de ser o responsável pela perda de documentos.
(D) um fiscal, que
justifica sua atitude em fazer cumprir ordens superiores.
10. O
argumento apresentado pelo remetente da carta ao jornal, para defender sua licença
de trabalho, está no fato de que
(A) é um artesão, que
cria obras de arte reconhecidas no mundo inteiro.
(B) é um idoso que deve
ser tratado com mais respeito por pessoas mais jovens.
(C) cumpriu todas as
exigências legais necessárias, junto à Prefeitura.
(D) ignora o fato de o
juiz ter tomado conhecimento das medidas adotadas contra ele.
11. Considerando-se a carta do leitor e a resposta da Prefeitura, é
correto afirmar que
(A) ambas apresentam a
mesma opinião referente à proibição de trabalhar numa feira.
(B) elas divergem quanto
à origem do problema surgido com a fiscalização do trabalho.
(C) o Subprefeito aceita
a opinião do Remetente, propondo-se a autorizar seu trabalho.
(D) a opinião da
Advogada dos queixosos é idêntica à dos funcionários da Prefeitura.