EE PROFº DIÓGENES RIBEIRO
DE LIMA
8º ano "A" Profª Jucilene
Língua Portuguesa
ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO DO 3º BIMESTRE
DE 05 A 09 DE OUTUBRO DE
2020
Plebiscito
A cena passa-se em 1890.
A família está toda
reunida na sala de jantar.
O Sr. Rodrigues palita os
dentes, repimpado numa cadeira de balanço. (...)
D. Bernardina, sua
esposa, está muito entretida a limpar a gaiola de um canário-belga.
Os pequenos são dois, um
menino e uma menina. Ela distrai-se a olhar o canário. Ele, encostado à mesa,
os pés cruzados, lê com muita atenção umas das nossas folhas diárias. Silêncio.
De repente, o menino
levanta a cabeça e pergunta:
– Papai, que é
plebiscito?
O Sr. Rodrigues fecha os
olhos imediatamente para fingir que dorme.
O pequeno insiste:
– Papai?
Pausa. (...)
– Que é? Que desejam
vocês?
– Eu queria que papai me
dissesse o que é plebiscito.
– Ora essa rapaz! Então
tu vais fazer doze anos e não sabes ainda o que é plebiscito?
– Se soubesse não
perguntava.
O Sr. Rodrigues volta-se
para D. Bernardina, que continua muito ocupada com a gaiola:
– Ó senhora, o pequeno
não sabe o que é plebiscito!
– Não admira que ele não
saiba, porque eu também não sei.
– Que me diz?! Pois a
senhora não sabe o que é plebiscito?
– Nem eu, nem você; aqui
em casa ninguém sabe o que é plebiscito.
– Ninguém, alto lá!
Creio que tenho dado provas de não ser nenhum ignorante!
– A sua cara não me
engana. Você é muito prosa. Vamos: se sabe, diga o que é plebiscito! Então? A
gente está esperando! Diga!...
– A senhora o que quer é
enfezar-me!
– Mas, homem de Deus,
para que você não há de confessar que não sabe? Não é nenhuma vergonha ignorar
qualquer palavra. Já outro dia foi a mesma coisa quando Manduca lhe perguntou o
que era proletário. Você falou, e o menino ficou sem saber!
– Proletário – acudiu o
Sr. Rodrigues – é o cidadão pobre que vive do trabalho mal remunerado.
– Sim, agora sabe porque
foi ao dicionário; mas dou-lhe um doce, se me disser o que é plebiscito sem se
arredar dessa cadeira! (...)
O Sr. Rodrigues ergue-se
de um ímpeto e brada:
– Mas se eu sei!
– Pois, se sabe, diga!
– Não digo para não me
humilhar diante de meus filhos! Não dou o braço a torcer! Quero conservar a
força moral que devo ter nesta casa! Vá para o diabo!
E o Sr. Rodrigues,
exasperadíssimo, nervoso, deixa a sala de jantar e vai para o seu quarto,
batendo violentamente a porta.
No quarto havia o que
ele mais precisava naquela ocasião: algumas gotas de água de flor de laranja e
um dicionário... (...)
– Seu Rodrigues, venha
sentar-se; não vale a pena zangar-se por tão pouco.
O negociante esperava a
deixa. A porta abre-se imediatamente. Ele entra, (...) e vai sentar-se na
cadeira de balanço. (...)
– Plebiscito...
E olha para todos os
lados a ver se há por ali mais alguém que possa aproveitar a lição.
– Plebiscito é uma lei
decretada pelo povo romano, estabelecido em comícios.
– Ah! – suspiram todos,
aliviados.
– Uma lei romana,
percebem? E querem introduzi-la no Brasil! É mais um estrangeirismo!...
(Artur Azevedo.
Antologia do conto brasileiro: do Romantismo ao Modernismo. Org. de Douglas
Tufano. São Paulo, Moderna, 1994, p. 34-5)
1. A palavra ou expressão que desencadeia a trama, nesse conto,
é
(A) “pergunta”
(B) “Silêncio”
(C) “folhas diárias”
(D) “De repente”
2. Os recursos de que o autor se utiliza para transcrever a fala
dos personagens são:
(A) o ponto de
interrogação, ponto de exclamação ou ponto final sempre ao término das falas.
(B) o travessão e, em
algumas ocasiões, verbos que introduzem as falas dos personagens, seguidos de
dois pontos.
(C) o travessão no
início de cada uma das falas, e os pontos de interrogação e exclamação ao seu
final.
(D) a letra maiúscula no
início da fala de cada personagem e a mudança de parágrafo para introduzir nova
fala.
3. O ponto central do conto é o fato de que, ao ser perguntado
pelo filho sobre a palavra plebiscito, o pai
(A) desconhece o seu
significado, mas não quer passar por ignorante.
(B) conhece o seu
significado, mas pretende antes certificar-se disso.
(C) se recusa a dizer
qual é o seu significado para não se submeter à vontade da mulher.
(D) desconhece o seu
significado e não vê nenhum problema nisso.
4. “No quarto havia o que ele mais precisava naquela ocasião:
algumas gotas de água de flor de laranja e um dicionário...”
O humor presente na
frase acima advém principalmente do fato de nos mostrar que
(A) a entrada do Sr.
Rodrigues no quarto coincide com a presença ali de um dicionário, muito útil
naquela ocasião.
(B) o Sr. Rodrigues, um
pai de família, necessita tomar gotas de água de flor de laranja para se
acalmar.
(C) o Sr. Rodrigues
provocou toda aquela cena apenas para poder consultar o dicionário no quarto.
(D) o quarto do casal
Rodrigues tinha de tudo, desde água de flor de laranja até mesmo um dicionário.
5. – Plebiscito...
E olha para todos os
lados a ver se há por ali mais alguém que possa aproveitar a lição.
As reticências
utilizadas depois da palavra plebiscito, no fragmento acima transcrito, indicam
por parte do personagem,
(A) dúvida.
(B) suspense.
(C) interrupção.
(D) emoção.
6. A definição que o Sr. Rodrigues dá para a palavra
"proletário" revela que ele consultou o dicionário e depois
(A) transmitiu a
definição decorada mesmo sem entendê-la.
(B) se esqueceu do
significado da palavra.
(C) interpretou a
definição do dicionário com suas próprias palavras.
(D) se recusou a
transmitir a definição ao filho.
Vida de camelo
Você conhece algum animal capaz de beber 120 litros de água em
apenas 10 minutos?
Eu conheço: o camelo!
Grande, forte e
super-resistente, o camelo é um dos maiores mamíferos terrestres!
Ele habita as regiões
desérticas da África, Arábia e Ásia Central e consegue suportar as mais altas
temperaturas.
Existem duas espécies de
camelos: o árabe e o bactriano.
O camelo árabe é aquele
que tem uma corcova e é conhecido como dromedário. Já o seu primo, o bactriano,
tem duas corcovas e é chamado apenas de camelo.
Você já deve ter visto
em filmes aquelas caravanas de camelos cruzando o deserto... Então! Os camelos
são animais perfeitos para essas regiões. Adaptados ao deserto, eles têm patas
achatadas para não afundarem na areia e suas longas pestanas e narinas se
fecham quando surge uma tempestade de areia.
Muito resistentes, os
camelos podem percorrer mais de 100 quilômetros em um único dia. Além disso,
conseguem passar até duas semanas sem comer e beber! Isso porque, para repor as
energias, eles armazenam nas corcovas a gordura dos alimentos que comem.
Aliás, os camelos não
são muito exigentes quanto aos alimentos. Se satisfazem com algumas folhas de
árvores e arbustos secos e espinhentos. (...)
Quase todos os camelos
são domesticados, mas ainda existem camelos bactrianos vivendo em estado
selvagem. Eles habitam a Ásia Central e, além do calor, suportam também os
rigorosos invernos da região. (...)
(Revista Sítio do
Picapau Amarelo, no 14, Editora Globo S/A, p. 14-5)
7. Os camelos são animais muito resistentes pois
(A) quase todos são
domesticados, embora existam os camelos bactrianos vivendo em estado selvagem.
(B) não são muito
exigentes quanto aos alimentos e se satisfazem com algumas folhas de árvores e
arbustos secos e espinhentos.
(C) estão entre os
maiores mamíferos terrestres e habitam as regiões desérticas da África, Arábia
e Ásia Central.
(D) podem percorrer mais
de 100 quilômetros num único dia e conseguem passar duas semanas sem comer e
beber.
8. O autor chama o camelo bactriano, aquele que tem duas
corcovas, de primo do camelo árabe, porque
(A) quis apenas fazer
uma brincadeira, já que são completamente diferentes.
(B) apesar do
parentesco, um vive em estado selvagem e o outro é domesticado.
(C) são muito parecidos,
embora se trate de duas espécies diferentes de camelo.
(D) camelos bactrianos
podem dar origem a camelos dromedários e vice-versa.
9. O tema principal do artigo são
(A) os filmes em que
aparecem caravanas de camelos cruzando o deserto.
(B) os tipos, o modo de
vida e a importância dos camelos para o homem.
(C) as regiões
desérticas da África, Arábia e Ásia Central onde habitam os camelos.
(D) os rigorosos
invernos e o calor que os camelos devem suportar na Ásia Central.
10. O objetivo do autor ao escrever esse texto foi
(A) informar sobre os
camelos e suas principais características.
(B) criar uma história
agradável e divertida sobre os camelos.
(C) divulgar o excelente
meio de transporte representado pelos camelos.
(D) noticiar os últimos
acontecimentos com camelos na Ásia Central.
11. No início do texto, em destaque, o autor coloca uma pergunta
ao leitor para
(A) respondê-la, mas
responde antes.
(B) verificar se ele
consegue matar a charada.
(C) mostrar o seu
conhecimento sobre o assunto.
(D) chamar a sua atenção
e despertar a sua curiosidade.
Leia o poema de José Paulo Paes transcrito a seguir
e depois responda às questões de no 12 e 13.
Atenção, detetive
Se você for detetive,
descubra por mim
que ladrão roubou o
cofre
do banco do jardim
e que padre disse amém
para o amendoim.
Se você for detetive,
faça um bom trabalho:
me encontre o dentista
que arrancou o dente do
alho
e a vassoura sabida
que deixou a louca
varrida.
Se você for detetive,
um último lembrete:
onde foi que esconderam
as mangas do colete
e quem matou os piolhos
da cabeça do alfinete?
(José Paulo Paes. Poemas
para brincar. 13a ed. São Paulo, Ática, 1998)
12. Nos versos “descubra por mim / que ladrão roubou o cofre /
do banco do jardim” e em “me encontre o dentista / que arrancou o dente do
alho”, o poeta
(A) apresenta uma
charada que só um detetive pode resolver.
(B) brinca com palavras
que têm pelo menos dois significados.
(C) propõe uma adivinha,
mas não apresenta a resposta.
(D) faz uma pergunta que
qualquer um pode responder.
13. Quando o poeta diz para o leitor descobrir “que padre disse
amém / para o amendoim”, ele está fazendo uma brincadeira com
(A) o som das palavras,
pois amém está contido em amendoim.
(B) a origem das
palavras, pois a palavra amendoim vem da palavra amém.
(C) o significado das
palavras, pois ambas têm significados parecidos.
(D) a acentuação das
palavras, pois uma tem acento e a outra, não.
Agora, leia atentamente o texto
abaixo e, em seguida, responda às questões de no 14 a 18.
Cabras evitam trabalho de crianças
Como
três cabras e um bode podem tirar crianças do trabalho e evitar a fome?
Não
é uma charada, mas um projeto social que entrega os animais, por empréstimo, a
famílias pobres de cidades próximas a Feira de Santana, no interior da Bahia,
onde há seca e fome. O clima seco facilita a criação de cabras.
Com
o projeto Cabra-Escola, implantado nos cidades de Serrinha, Riachão do Jacuípe,
Ichu e Nova Fátima, todas localizadas no agreste baiano, as famílias vão
começar a ganhar seu próprio dinheiro, vendendo leite e carne, sem explorar as
crianças.
Após
trabalhar na lavoura, no corte, na confecção e na venda do sisal, as crianças
de cinco a 15 anos começam a olhar para um futuro melhor.
Retiradas
do trabalho com o sisal, onde se feriam freqüentemente, elas ganham o direito
de manter os estudos, brincar e não se preocupar em levar dinheiro para casa.
O
projeto Cabra-Escola ajuda cem famílias com filhos e sem dinheiro para
sobreviver. Elas são cadastradas no MOC (Movimento de Organização Comunitária).
As
famílias cuidam dos animais em suas pequenas propriedades com o objetivo de
gerar renda (dinheiro).
(adaptado de Marcelo Bartolomei. Folhinha, Folha de S.Paulo,
26/10/2002, p. F6)
14. O projeto Cabra-Escola tem por objetivo principal
(A) fazer com que as famílias
comecem a ganhar seu próprio dinheiro, vendendo o leite e a carne das cabras
por eles criadas.
(B) entregar as cabras
para famílias pobres de cidades próximas a Feira de Santana, no interior da
Bahia, onde há seca e fome.
(C) retirar as crianças
do trabalho com o sisal e mantê-las na escola sem perda da renda familiar, que
passa a ser gerada com a criação de cabras.
(D) cadastrar no MOC
(Movimento de Organização Comunitária) cem famílias com filhos e sem dinheiro
para sobreviver.
15. A palavra “charada” utilizada pelo jornalista tem o sentido
de jogo de adivinhação. Pensando no contexto do artigo, qual o motivo de sua
utilização?
(A) A pergunta inicial
não é exatamente uma charada, mas é um tipo de adivinhação cuja resposta é dada
em seguida pelo jornalista.
(B) A pergunta inicial
do texto apresenta formulação semelhante à das charadas, compartilhando com
elas também a dificuldade da resposta.
(C) O jornalista utiliza
a palavra charada para mostrar que sua pergunta inicial não tem resposta nem no
campo da adivinhação nem no da realidade.
(D) Embora afirme que
“não é uma charada”, a pergunta feita inicialmente é tão-somente uma
adivinhação.
16. O tema principal dessa notícia é
(A) o trabalho das
crianças de cinco a 15 anos na lavoura, no corte, na confecção e na venda do
sisal.
(B) a situação das
famílias pobres de cidades próximas a Feira de Santana, no interior da Bahia,
onde há seca e fome.
(C) o fato de que as
famílias de quatro municípios baianos não sabem cuidar das cabras e nem como
alimentá-las.
(D) o projeto social que
entrega animais para famílias gerarem renda e manterem os filhos na escola.
17. Abaixo temos alguns dos fatos mais importantes presentes na
reportagem:
I. A criação de um
projeto social, chamado Cabra-Escola.
II. O trabalho das crianças
na confecção do sisal.
III. As crianças deixam
de trabalhar e passam a freqüentar a escola.
IV. As famílias recebem
as cabras e aprendem a cuidar delas.
Para ordenar os fatos acima, na ordem em que acontecem, a
seqüência adequada seria
(A) II, I, IV, III
(B) II, I, III, IV
(C) I, II, IV, III
(D) I, IV, II, III
18. A afirmação de que “as crianças (...) começam a olhar para
um futuro melhor” é
(A) uma expectativa
totalmente desligada da realidade, pois ninguém pode afirmar que a freqüência
na escola pode mudar a vida de alguém.
(B) um fato
indiscutível, verificado na experiência de várias crianças que participaram do
projeto e melhoraram de vida.
(C) uma opinião do
jornalista, baseado na convicção de que ao freqüentar a escola as crianças
terão melhores perspectivas quanto ao futuro.
(D) um desejo de que o
futuro das crianças seja realmente melhor, mas sem acreditar de fato que isso
possa vir a acontecer.
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